terça-feira, 30 de dezembro de 2014

RETROSPECTIVA 2014

Esta história de retrospectiva do ano feita pelo Facebook me fez pensar no que aconteceu em 2014. Ao que parece, o ano que está terminando foi um ano excelente para a grande maioria das pessoas que conheço real ou virtualmente. O ano foi até legal, mas gosto de pensar naquilo que tornou meu ano mais complicado. Não faço isso para ficar reclamando da vida, mas para mudar aquilo que não está de acordo com o que eu esperava.

Tenho muito que agradecer: tenho saúde, tenho uma família que me apoia, tenho um companheiro para a vida, adotei uma gata fofa, tenho o que comer, onde dormir, onde morar, o que vestir, tenho eventos importantes programados para 2015... enfim, tenho muitas bençãos maravilhosas pelas quais agradeço a Deus diariamente, contudo, não tem como fechar os olhos para o que não está tão legal assim. 2014 foi um ano de muito trabalho, muita correria, muita energia empregada em planos, projetos, pessoas, mas mais um ano que termina com pouco dinheiro, desesperança na humanidade e uma sensação de estar sempre patinando no mesmo lugar. Além disto, foi um ano de grandes tragédias, de reeleição de "Bolsonaros", de ver Lasier Martins ser eleito senador, da morte de muitos ídolos, da epidemia do vírus Ebola e por aí vai.

Vamos começar falando sobre a questão financeira. É muito desestimulante trabalhar, trabalhar e trabalhar e terminar o ano contando o dinheiro para pagar as contas. Sei que isso não é só porque resolvi ser artista. Sim, a arte é desvalorizada enquanto profissão no Brasil, porém a "coisa" não está fácil para ninguém. Vejo gente de várias profissões passando pela mesma situação. Sinto no bolso os preços subindo, as contas crescendo e esta é uma realidade que afeta a todos nós. Sim, eu pretendo continuar sendo artista, pois isto é o que me faz feliz e realizada e continuarei fazendo de conta que não escuto minha mãe dizendo todos os dias que eu deveria fazer concurso público ou voltar a trabalhar com jornalismo... Realmente, não vejo benefício em ser totalmente infeliz com minha profissão somente para ganhar uns trocados a mais ou para ter certeza de quanto vai entrar na conta bancária no fim ou início do mês. O que vejo é que a situação econômica não é promissora para quase ninguém. E isso não é "culpa do PT". Vários países no mundo passam por graves crises econômicas. Chega a ser desesperador ver que a ganância de alguns nos leva a passos largos para um mundo cada vez mais desigual. 

Por falar nisto, não tem nada que me deixe mais descrente nos homens do que andar de carro ou a pé nas ruas por aí. No trânsito, as pessoas demonstram todo seu egoísmo, estupidez e falta de amor ao próximo. Já cansei de agradecer por ter chegado viva e comigo e meu carro inteiros em casa. Tem gente que parece que está sozinha no mundo ou que acha que as suas necessidades são maiores do que as dos outros. Por que as pessoas correm tanto? Cortam a frente dos outros? Atravessam sinais vermelhos? Atropelam tantos animais indefesos de propósito (nem vou entrar neste tema do abandono de animais, pois vou acabar matando alguém)? Por que as pessoas ficam brabas quando alguém para na faixa para o pedestre passar? E qual o motivo das pessoas atravessarem avenidas movimentadas fora da faixa e colocarem suas vidas em risco? Sério, o ser humano é o bicho mais egoísta e inconsequente que existe na face da terra! Possui um grau de estupidez inimaginável! E o trânsito é só um pequeno exemplo de onde demonstramos todo este nosso "potencial" para o desamor, a irresponsabilidade, o egoísmo...

Por último, é totalmente desestimulante ver que muitas das coisas que fazemos ou tentamos fazer não saem do papel por causa dos interesses de alguns poucos que controlam os meios de produção ou tem influência sobre as pessoas que os controlam. É muito irritante ver que projetos bacanas não são colocados em prática simplesmente porque não beneficiam algumas pessoas que são responsáveis pela distribuição das verbas, ou seja, projetos legais que não dão lugar à corrupção. É igualmente chato ver que alguns são premiados porque as pessoas acham que podem tirar algum proveito desta situação. É frustrante perceber que estamos presos nessa teia nojenta de interesses financeiros e/ou midiáticos e que isso entrava a vida de muitas pessoas pelo mundo afora. Sério, esta sensação de estar com as mãos atadas é uma das coisas que mais me deixa pessimista em relação ao futuro. Seria melhor perceber que a situação está ruim, mas vislumbrar possibilidade de mudança, porém, o que vemos é que as coisas agem para que tudo permaneça exatamente como está. Vide os políticos e a inércia com que a sociedade brasileira reage aos desmandos dos nossos "representantes". Se eu não conhecesse algumas pessoas que também se indignam com estas coisas, eu já teria desistido de tudo.

Enfim, tomar consciência do que está errado é o primeiro passo para modificar a minha realidade. Acho que podemos fazer pequenas ações no nosso dia-a-dia para ir transformando este futuro que, até então, apresenta-se negro e sem esperança. Para começar a mudança, vou deixar aí embaixo uns agradecimentos que gostaria de ter feito publicamente em 2014 na ocasião do Prêmio Açorianos para o qual fui indicada, mas não ganhei. Não quero mais ficar com "coisas" entaladas na garganta. Este foi um ano difícil, turbulento e desencorajante, mas espero que o time das pessoas que estão determinadas a mudar toda esta situação que nos envolve se agigante. Minha fé não me deixa pensar de outra forma, portanto, resta-me agradecer por ter chegado até aqui e esperar que todos tenhamos um 2015 melhor e abençoado. Que assim seja!


AGRADECIMENTOS
(versão estendida, pois no meu blog não há limitação de tempo para escrever o que eu penso)

Quero agradecer em primeiro lugar a Deus por ter colocado cada uma das pessoas que citarei a seguir em minha vida.

Obrigada à minha família, em especial meus pais, por apoiarem minha decisão de ser artista mesmo que isto vá contra o destino que eles traçaram para mim. Obrigada família por todo apoio emocional, logístico e financeiro que vocês me dão em todos os aspectos da minha vida.

Agradeço também aos professores que me tornaram a pessoa/artista que sou hoje, dentre eles, a pessoa que incutiu em mim o amor pela dança: Terezinha Campos Figueiredo, a Tia Tê. Obrigada ao mestre Robinson Gambarra pela indicação ao prêmio (sei que estava na lista somente porque tu estavas na comissão julgadora) e por, junto com Andréa Franco, ter acreditado em mim quando ainda era apenas uma boa aluna de flamenco. Agradeço também ao corpo docente do Curso Tecnológico de Dança da Ulbra, professores e colegas da primeira turma do Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre, à coreógrafa Maria Waleska van Helden, ao diretor Décio Antunes e ao professor Jorge Venâncio por suas inesquecíveis aulas de história.

Agradeço ainda a influência inspiradora das minhas colegas da Geda Cia de Dança Contemporânea (Fabiane Severo, Stela Menezes e Fernanda Stein), dos meus amigos da Cia de Flamenco Del Puerto (Juliana Prestes, Juliana Kersting, Danielle Zill, Ana Medeiros, Tatiana Flores, Gabriel Matias e Giovani Capeletti) e todo o apoio que recebi e recebo de colegas e amigos dos mais diferentes lugares por onde passei e passo. É muito bom saber que tem muita gente que acredita e "torce" para que sejamos felizes.

Um agradecimento especial aos alunos do Tablado Andaluz e da Escola La Tablada por confiarem seus corpos a mim e por me ensinarem tanto. Agradeço ainda a Antonio Machado, Joana Willadino e Laney Langaro pela fé em meu trabalho.

Por último, um agradecimento especial ao responsável por, pelo menos, 50% da bailaora de flamenco que sou hoje: o músico Giovani Capeletti. Obrigada pela parceria dentro e fora dos palcos e por dividir tão generosamente comigo o teu conhecimento e a tua arte. Que nossa vida seja feliz e repleta de arte! Eu te amo!

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