sexta-feira, 23 de agosto de 2013

SHOWS DE FLAMENCO EM JULHO (POSTAGEM ANTIGA QUE DEVERIA TER IDO AO AR NO DIA 11 DE JULHO)

O dia é de greve geral, mas eu sigo trabalhando, pois quem trabalha por conta própria não pode se dar ao luxo de perder dias de trabalho. E, por mais que eu ache absolutamente justas as reivindicações feitas pelo povo durante junho, as manifestações já me custaram vários dias de trabalho e os políticos brasileiros continuam agindo como sempre agiram. Enfim, é preciso mudar, mas já que os políticos brasileiros não escutam o clamor das ruas, o jeito é seguir trabalhando e tentando mudar a realidade da forma como podemos, no meu caso, com a arte.

As aulas de flamenco seguem no Tablado Andaluz em Porto Alegre e na Escola La Tablada em Canoas, que reabriu a turma de iniciantes aos sábados pela manhã às 11h. Informações sobre as aulas podem ser obtidas pelo e-mail grazi_silveira@hotmail.com

Enquanto isto, volto aos palcos do Tablado Andaluz nos dias 11, 12 e 13 de julho a partir das 22h. A meu lado estão Andréa Franco (baile), Thaís Rosa (cante), Pablo Vares (guitarra) e Gustavo Rosa (cajón). A casa abre às 20h com buffet de paellas e saladas além de tapas (petiscos espanhóis) e sangria (bebida a base de vinho e frutas). O couvert do show é de R$ 10,00 para quem janta e R$ 20,00 para quem quer ir somente para ver um típico quadro flamenco. Abaixo, seguem fotos do último show que fiz no Tablado lá por 20 de junho e o cartaz divulgando as apresentações deste mês.

Com Giovani Capeletti (guitarra) por farruca. Foto: Letícia Godoy

Com Giovani Capeletti (guitarra) por farruca. Foto: Letícia Godoy

Com Giovani Capeletti (guitarra) por farruca. Foto: Letícia Godoy


terça-feira, 20 de agosto de 2013

FLAMENCO NO TRIO ELÉTRICO

No domingo, dia 18 de agosto, a dança me proporcionou mais uma experiência única. Pela primeira vez, dancei sobre um trio elétrico. Por alguns minutos, fui a Ivete Sangalo do flamenco. Brincadeiras a parte, foi muito legal levar o flamenco para um público que não está acostumado a ver este tipo de manifestação artística.

O show fez parte da programação da Caravana Cultural de agosto em Canoas. E a caravana deste mês foi especial, pois marcou o encerramento da 7ª Semana da Juventude do município. A dança flamenca abriu a programação do dia que teve ainda campeonato de skate, shows de teatro, rap e hip hop. Foi muito bom ver as famílias na praça Dona Mocinha no bairrro Niterói assistindo ao show de flamenco, mas também foi gratificante ver que os adolescentes que estavam desde cedo pela manhã praticando suas manobras de skate também pararam para ver Graziela Silveira e Robinson Gambarra apresentarem seus números de dança.

É sempre bom expandir o leque de conhecimento das pessoas. Foi mesmo uma experiênmcia única para mim, pro Robinson e para o público na praça.

Quem quiser saber mais sobre o que aconteceu, pode acessar o site da Prefeitura de Canoas no link: http://www.canoas.rs.gov.br/site/noticia/visualizar/id/116090

Caravana Cultural no Bairro Niterói em Canoas - agosto 2013 - Foto: Tony Capellão
Caravana Cultural no Bairro Niterói em Canoas - agosto 2013 - Foto: Tony Capellão
Caravana Cultural no Bairro Niterói em Canoas - agosto 2013 - Foto: Tony Capellão
Caravana Cultural no Bairro Niterói em Canoas - agosto 2013 - Foto: Roberta Fagundes

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

FLAMENCO NA PRAÇA NESTE DOMINGO

No próximo domingo, dia 18 de agosto, tem show de flamenco na Praça Dona Mocinha no bairro Niterói em Canoas. O show faz parte da Caravana Cultural especial que encerra a 7ª Semana da Juventude da cidade.

Mais uma vez terei a chance de mostrar meu trabalho para o povo da minha cidade. A meu lado no tablado na praça estará o bailaor e maestro Robinson Gambarra, um dos fundadores do Tablado Andaluz de Porto Alegre. O show acontece às 11h da manhã. Em caso de chuva, o evento será cancelado.

Mais informações sobre a Semana da Juventude de Canoas podem ser conferidas no site http://www.vivacanoas.com.br/

Por sevillanas com Robinson Gambarra em show realizado em junho no Hotel Sheraton em Porto Alegre

terça-feira, 13 de agosto de 2013

CONCURSO DE BAILE FLAMENCO NO TABLADO ANDALUZ

Nos dias 12, 13 e 14 de setembro, o Tablado Andaluz realiza o I Concurso de Baile Flamenco do Brasil. São duas categorias: profissional e amador e as inscrições estão abertas até o dia 25 de agosto pelo site www.tabladoandaluz.com.br

Até dia 25 de agosto, os interessados em concorrer devem enviar um vídeo de um baile solo de 3 a 10 minutos para a categoria amador e de 5 a 15 minutos na categoria profissional. Podem se inscrever bailarinos e bailarinas de flamenco a partir dos 8 anos de idade, sendo que a participação dos menores de 18 anos está restrita à categoria amador. Uma comissão formada pelos fundadores do Tablado Andaluz escolhe aqueles que participarão das semifinais em setembro em Porto Alegre. A final acontece no dia 14 de setembro. A taxa para os semifinalistas participarem do concurso é de R$ 150,00.

Cada categoria premia dois ganhadores. Na categoria profissional, o 1º lugar ganha R$ 1000,00 e mais um contrato para dançar no tablao do Tablado Andaluz. O segundo lugar desta categoria ganha R$ 500,00 e um contrato no Tablado. O vencedor da categoria amador ganha R$ 300,00 + o contrato para dançar no Tablado e o 2º lugar ganha somente o convite para dançar no tablao.

Nos dias de concurso, os concorrentes serão acompanhados pelos músicos: Jony Gonçalves (Curitiba) - guitarra flamenca, Giovani Capeletti (Porto Alegre) - guitarra flamenca, Pedro Fernandez (Porto Alegre) - cajón, Gustavo Rosa (Porto Alegre) - cajón, Maximiliano Serral (Argentina) - cante flamenco e Claudia Montoya (Argentina) - cante flamenco. Além do desempenho no baile, cada concorrente também será avaliado por sua capacidade de acompanhar o baile de outro bailaor ou bailaora nas palmas e jaleos. O jurado é o bailaor Adrián Galia.

Nascido na Argentina, Adrián Galia é filho de bailaores e foi ainda pequeno para a Espanha onde formou-se bailaor e tornou-se um dos grandes nomes do flamenco internacional. Atualmente, atua na cidade de Buenos Aires, mas já foi o nome à frente da Companhia Antonio Gades na qual atuou como primeiro bailarino substituindo o próprio Antonio nos papéis principais das criações da companhia.

Mais informações no cartaz em abaixo:




 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

ENTENDER OU NÃO ENTENDER A ARTE, EIS A QUESTÃO

Num dia desses numa mesa de bar com meus colegas artistas, entrei numa discussão enorme sobre a necessidade ou não de “entender” as manifestações artísticas. Como não consegui ser absolutamente compreendida na ocasião, resolvi escrever sobre o assunto, pois acredito que o tema seja interessante.

Para gostar ou não de uma obra artística, creio não ser realmente necessário compreendê-la racionalmente. Muito da comunicação da arte com o público se dá no campo do sentir, da emoção, das sensações e não vejo nada de errado nisto. Aliás, acho interessante deixar a razão de lado de vez em quando e experimentar outras formas de fruição e “obtenção” de conhecimento. É limitador conhecermos o mundo somente através das lentes da racionalidade. Acredito que as sensações e emoções também ensinam muito e este conhecimento obtido por meio do corpo físico é tão importante quanto o que construímos mediante o aprendizado por meio da mente (que também faz parte do corpo), mas defendo que até para nos emocionarmos com uma obra é preciso que consigamos estabelecer uma relação com ela.

O que defendo é que, a partir do momento que entramos em contato com os “códigos” das diferentes manifestações artísticas, conseguimos extrapolar o “gosto ou não gosto” e ampliar a relação com uma determinada obra de arte. Vou citar o exemplo do flamenco. Quando comecei a dançar flamenco, eu achava que o flamenco era apenas uma dança espanhola, não tinha noção da real ligação que a dança flamenca tem com a música e nem da cultura toda que esta manifestação envolve. Por esta razão, eu ouvia os cantes jondos do flamenco (aqueles cantes tristes que lembram lamentos) e achava chato. Eu não compreendia o que estava ouvindo e, por isso, não gostava, não escutava, não me comunicava com aquilo.

À medida que fui conhecendo a cultura flamenca, que entrei em contato com a origem desta manifestação, que compreendi o idioma (espanhol), que compreendi os ritmos, as melodias, que conheci a inspiração de cada palo flamenco (podemos chamar de ritmos), enfim, à medida que decifrei o código consegui apreciar este tipo de cante que, aliás, dizem ser a origem de toda a arte flamenca. Eu transcendi a barreira do gosto ou não gosto, porque o que eu ouvia passou a ter um novo sentido para mim. Hoje em dia, este tipo de canto cheio de lamentos e dor é o que mais me “atrai” no universo flamenco. Digo sempre que não tem nada mais bonito do que uma soleá flamenca.  É bonito, me toca, me emociona, mas tudo só foi possível depois que eu compreendi o flamenco, seu código, sua estrutura, seu tema, sua forma de pensar, de compor, de dançar, de viver.

É este o meu problema com o jazz, por exemplo. Não vim da música e sei muito pouco sobre este assunto. Já me explicaram que num show de jazz, os músicos vão improvisando um a um sobre um tema comum a todos e acredito que isto deve ser muito complexo e que exige muito conhecimento e técnica para ser bem executado, mas este é o tipo de expressão artística com a qual não consigo dialogar. Meu diálogo com o jazz termina no “nossa, que legal isto” e não gera uma reflexão maior ou uma mudança significativa na minha forma de ver aquilo tudo. Defendo que o que falta para um diálogo maior entre eu e o jazz (falando somente da parte musical do mesmo) é entrar em contato real com o código por trás daquilo que vejo e escuto. Se eu entendesse de harmonia, escalas, tons e etc, teria mais ferramentas para elaborar a quantidade enorme de coisas que acontecem durante um show de jazz e talvez conseguisse elaborar novas reflexões a partir do que ouvi. Sinto-me muito ignorante quando ouço dos músicos comentando sobre um show de jazz ao qual também assisti. É intrigante ver como aquilo consegue ser tão impactante para eles e tão distante para mim.

É como na leitura, é preciso ser alfabetizado para poder ler e interpretar. Sem conhecer o código, neste caso, as letras e as palavras, não há uma real comunicação ou uma troca de informações mais profunda. O que acontece fica restrito ao pequeno campo do gosto pessoal ou do “ai, que bonito isso” (as pessoas podem achar bonitas as formas que as palavras criam no papel). Campo este que deve ser o início da relação entre as manifestações artísticas e o público, mas que precisa ser ampliado para que a arte atinja outros de seus objetivos que não o simples entretenimento. A arte propõe novas formas de pensar, de agir, de ver o mundo, porém nem sempre o público consegue perceber tudo isto, já que não tem contato com os códigos que permitem esta leitura mais ampla da obra de arte com a qual está se relacionando ou tentando se relacionar.

Não sei se fui clara, mas defendo uma democratização dos “códigos” e estruturas que são usados para que uma obra passe do campo da inspiração para o campo do real. Conhecendo o "alfabeto artístico", o público pode ter uma real fruição da arte. Acho que a arte também possui um papel didático que muitas vezes é negligenciado e que acaba afastando as pessoas de manifestações artísticas que elas não conhecem. Não defendo que os artistas tenham que ficar explicando suas obras, mas que precisamos sim propor e disponibilizar ferramentas para ampliar o diálogo do público com a arte sempre que tivermos oportunidade para isto. Ou ainda, podemos criar estas oportunidades cada um da maneira que julgar mais interessante para cada público ou para cada obra. Enfim, sigo pensando sobre tudo isso e desejando que mais e mais pessoas consigam construir uma comunicação mais consistente com a arte e os artistas. Afinal de contas, a arte perde sua função se não houver público para ela.