Meu corpo inteiro dói após a passagem do "furacão" Carmen La Talegona por Porto Alegre. Que dolorido que é nos depararmos com a falta de condicionamento físico conquistada após as férias de verão. Agora é mergulhar numa piscina de gel de arnica e aplicar gelo nas articulações enquanto esperamos a chegada de outro grande nome do flamenco na capital gaúcha nesta semana: o bailaor Farruquito. Você pode ver mais informações sobre este assunto na postagem: Agenda flamenca de Porto Alegre.
Antes do Farruquito, ainda tem mais um evento interessante envolvendo o flamenco da capital do Rio Grande do Sul. Segunda-feira, dia 1º de abril, ocorre o lançamento oficial do La Negra Atelier de Moda, mais uma opção que surge na capital para a confecção de trajes inspirados na atmosfera, ritmo e arte do flamenco (Porto Alegre já conta com a linha de roupas flamencas e figurinos Riatitá). A nova empreitada é capitaneada pelas flamencas Ana Medeiros e Anelise Antonitsch. As duas seguem tradições familiares na arte da costura e se conheceram na Escola e Cia de Flamenco Del Puerto. O evento ocorre às 19h no Lola - Bar de Tapas que fica na Rua Castro Alves, 422 - Bairro Rio Branco na capital gaúcha. Seguem abaixo mais informações sobre o evento. Quem se interessar pelo assunto pode também entrar no site do La Negra que estará no ar a partir de 1º de abril.
Blog da bailarina e bailaora de flamenco Graziela Silveira. Um lugar para jogar pensamentos na rede.
domingo, 31 de março de 2013
quarta-feira, 20 de março de 2013
AGENDA FLAMENCA DE PORTO ALEGRE
O ano mal começou de verdade e o flamenco do Rio Grande do Sul está com uma agenda repleta de ótimas opções. Carmen La Talegona e Farruquito são dois grandes nomes do flamenco na atualidade e chegam à capital dos gaúchos para dar cursos e fazer shows. São programas imperdíveis para quem gosta de flamenco. Mais informações, nos cartazes abaixo. Não percam!
segunda-feira, 11 de março de 2013
SOBRE O DIA DA MULHER
No dia 8 de março, comemoramos o Dia Internacional da
Mulher. Esta data me fez relembrar de uma antiga coluna que escrevi sobre o
assunto para o site Capital Gaúcha. Segue abaixo o texto que escrevi há uns seis anos, mas que, infelizmente, ainda é atual. Eu digo sempre, datas como o dia 8 de março existem
para nos fazer refletir sobre a nossa sociedade e como ela atua em relação a
determinados grupos historicamente oprimidos como as mulheres, os negros, os
índios e os homossexuais...
LIBERDADE
Lendo um livro sobre a vida das mulheres na Arábia Saudita,
comecei a refletir sobre a liberdade feminina no mundo contemporâneo. Sabemos
que muitas mulheres muçulmanas não sabem o sentido desta palavra, já que são
dominadas pelos homens. Sabemos também que muitas delas são mutiladas conforme
um costume antigo ainda em uso em suas culturas sexistas e covardes. Sabemos
também que muitos chineses matam suas filhas mulheres para ter o direito de
conceber um filho homem. Sabemos também que
muitas mulheres japonesas não querem mais se casar para continuarem no
exigente mercado de trabalho do seu país.
De um jeito ou de outro, todas estas mulheres são oprimidas
por culturas que delegam a elas papéis sociais rígidos dos quais elas quase não
podem fugir. Digo quase porque vi uns documentários sobre tribos africanas
tempos atrás e, no filme, vi que muitas meninas novas não pretendem furar os
lábios para colocar pratos conforme sua cultura manda. Elas decidiram que não querem
seguir o antigo costume. Este tipo de decisão demonstra que todas as culturas
são móveis. Elas estão sempre se modificando simplesmente porque a humanidade,
as pessoas, seus valores, suas necessidades mudam. E é esta mudança que dá
esperança às mulheres que vivem em culturas opressivas.
Culturas opressivas como a nossa que obriga as mulheres a
cumprirem determinados padrões para serem consideradas bem-sucedidas. Claro que
o tipo de opressão que as brasileiras sofrem não é o mesmo das sauditas, embora muitas brasileiras sofram agressões físicas e morais que as impedem de ter uma vida digna e feliz e que, em determinados casos, as marcam de tal maneira que elas tem sua vida radicalmente transformadas, como é o casa da mulher que deu nome à Lei Maria da Penha. Ela ficou paraplégica graças às agressões do ex-marido e, por este motivo, virou símbolo da luta contra a violência contra mulheres e crianças. Este, contudo, embora importante, não é este
o motivo da reflexão. O que quero apontar é a opressão velada, porém eficaz,
que a nossa sociedade exerce sobre as mulheres. Somos diariamente atingidas com
imagens de mulheres extremamente magras e altas que são os "exemplares
perfeitos" da beleza feminina. Somos também obrigadas a sermos mães,
esposas, cuidar da casa, a saber cozinhar, a ter um emprego numa função
estabelecida como digna e rentável. Somos compelidas a desempenhar determinados
papéis de uma determinada forma.
Por isso digo que não somos verdadeiramente livres. Tente
dizer que você não quer ter filhos e veja o que sua mãe, namorado, pai, vó,
amigos... vão dizer para você. Esse tipo de atitude é inconcebível já que a
mulher tem "instinto materno" e precisa colocá-lo em prática. Agora,
você já parou para pensar que este tal instinto materno pode não existir? A
antropologia, por exemplo, rejeita a idéia de que todas as mulheres nascem com
esta vontade de gerar descendentes. No outro lado da moeda, no mundo atual
depois de tanta luta para entrar no mercado de trabalho, as mulheres
menosprezam àquelas que desejam ter filhos, ficar em casa e cuidar do marido.
Isso também é inconcebível, já que todas as mulheres devem trabalhar fora de
casa. Você sabe quem disse isso, quem invetou esta regra? Eu também não.
Enfim, toda esta conversa é somente para dizer que nós
brasileiras também vivemos num mundo que nos aprisiona e limita nossas
escolhas. Uma sociedade que exige de nós determinados tipos de conduta e de
resultados que nem sempre condizem com nossas necessidades, sonhos e desejos e que, fazendo isto, revela todo o machismo do qual está impregnada.
Somos impelidas a viver conforme as expectativas dos outros, perdendo assim a
nossa liberdade. A nossa grande vantagem em relação às culturas muçulmanas e
orientais de que falamos anteriormente é que a cultura ocidental é mais aberta
às mudanças ou assim parece. Para que estas mudanças ocorram, porém, é preciso
que as pessoas que fazem parte desta cultura percebam a necessidade de mudá-la
e lutem para isso de todas as formas possíveis. Como sempre digo: é preciso
agir. E a ação começa dentro de cada lar brasileiro com mães e pais ensinando
seus filhos e filhas a respeitarem a dignidade dos outros seres sejam eles
brancos, negros, homens, mulheres, crianças, ou até mesmo de outras espécies
como animais e plantas. Parece piegas, mas acredito que a grande mudança no
cenário mundial depende das nossas pequenas ações diárias. Se nós mudamos, o
mundo à nossa volta muda também.
Assinar:
Postagens (Atom)